quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Teresina e S. Féliz do Araguaia, tudo a ver com Brasília


D. Hélder certa vez nos disse: “quando a madrugada está mais fria e escura seguramente aproxima-se o raiar do novo dia”. Amanheceu em Brasília ou estou enganado?

Conta a história da Igreja do Brasil que no período do regime militar, D. Pedro Casáldaliga foi acusado de servir a Igreja de S. Féliz do Araguaia para interesses da guerrilha do Araguaia. Precisou intervenção de Roma para fiscalizar. O bispo escolhido como legado pontifício para esta vistoria foi o Arcebispo de Teresina na época, D. José Freire Falcão. Evidentemente não encontrou nada daquilo que disseram. Encontrou um homem magro, franzino, disciplinado na oração o no serviço aos pobres, despojado de riquezas e habitante de uma casa simples, pequena e acolhedora.

Com os anos D. Falcão passou a ser o Arcebispo de Brasília e D. Pedro continua até os dias de hoje em sua humilde casa. O tempo passou, ambos os prelados, agora eméritos, permanecem vivos e atuando de modo discreto naquilo que acreditam. Em 2004, D. Falcão tornou-se emérito de Brasília e em 2005, D. Pedro.

O atual arcebispo de Brasília veio de Teresina, assim como D. Falcão e o novo bispo auxiliar vem de S. Féliz do Araguaia. O que acontecerá neste novo encontro de Teresina e S. Féliz em Brasília?

Somente o tempo dirá, contudo, os desafios são imensos: a complexa vida política do Distrito Federal, a pluralidade religiosa e cultural, o abismo social perceptível entre a realidade do Plano Piloto e as cidades satélites, a formação do clero e a falta de projeto pastoral em nossa Arquidiocese.

A Igreja no Brasil nos propõe o revigoramento das CEBs, a descentralização das paróquias, o desafio da missão continental e inaugura a 5ª Semana Social Brasileira. Ambos os bispos, D. Sérgio e D. Leonardo compõem o conselho da direção da Conferência dos Bispos com o encargo de animar e incentivar os irmãos no episcopado a assumirem as diretrizes gerais da ação evangelizadora aprovadas na última Assembleia. Agora em Brasília, conseguirão implantar o caminho sinalizado nesse documento? Será que Brasília está preparada? Como conduzir a vida da Igreja particular a aderir tal caminhada pastoral?

Os fiéis incluindo os nossos presbíteros sentem-se amargurados e sofridos, como ovelhas sem pastor, ansiosos em encontrar no bispo a figura do pastor para nos conduzir no processo de renovação da Igreja de Brasília.

Desejamos a abertura da Igreja numa perspectiva ministerial, participativa, dinâmica, samaritana, solidária, misericordiosa e profética. Sonhamos com o protagonismo dos leigos/as, o ecumenismo, a opção pelos pobres, a inculturação na liturgia, a visibilidade das CEBs e sua estruturação. Esperamos a concretização da missionariedade da Igreja de Brasília. Precisamos dar maior testemunho de pobreza e humildade junto ao nosso povo, sedentos de Deus e de sua Palavra.

Deus abençoe os nossos bispos e sejamos solícitos na cooperação pelas mudanças necessárias e urgentes.

Fraternalmente,
Daniel Higino

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