Teresina e S. Féliz do Araguaia, tudo a ver com Brasília
D. Hélder certa vez nos disse: “quando
a madrugada está mais fria e escura seguramente aproxima-se o raiar do novo dia”.
Amanheceu em Brasília ou estou enganado?
Conta a história da Igreja do
Brasil que no período do regime militar, D. Pedro Casáldaliga foi acusado de
servir a Igreja de S. Féliz do Araguaia para interesses da guerrilha do
Araguaia. Precisou intervenção de Roma para fiscalizar. O bispo escolhido como
legado pontifício para esta vistoria foi o Arcebispo de Teresina na época, D.
José Freire Falcão. Evidentemente não encontrou nada daquilo que disseram.
Encontrou um homem magro, franzino, disciplinado na oração o no serviço aos
pobres, despojado de riquezas e habitante de uma casa simples, pequena e
acolhedora.
Com os anos D. Falcão passou a
ser o Arcebispo de Brasília e D. Pedro continua até os dias de hoje em sua
humilde casa. O tempo passou, ambos os prelados, agora eméritos, permanecem
vivos e atuando de modo discreto naquilo que acreditam. Em 2004, D. Falcão
tornou-se emérito de Brasília e em 2005, D. Pedro.
O atual arcebispo de Brasília
veio de Teresina, assim como D. Falcão e o novo bispo auxiliar vem de S. Féliz
do Araguaia. O que acontecerá neste novo encontro de Teresina e S. Féliz em
Brasília?
Somente o tempo dirá, contudo, os
desafios são imensos: a complexa vida política do Distrito Federal, a
pluralidade religiosa e cultural, o abismo social perceptível entre a realidade
do Plano Piloto e as cidades satélites, a formação do clero e a falta de
projeto pastoral em nossa Arquidiocese.
A Igreja no Brasil nos propõe o
revigoramento das CEBs, a descentralização das paróquias, o desafio da missão
continental e inaugura a 5ª Semana Social Brasileira. Ambos os bispos, D.
Sérgio e D. Leonardo compõem o conselho da direção da Conferência dos Bispos
com o encargo de animar e incentivar os irmãos no episcopado a assumirem as
diretrizes gerais da ação evangelizadora aprovadas na última Assembleia. Agora
em Brasília, conseguirão implantar o caminho sinalizado nesse documento? Será
que Brasília está preparada? Como conduzir a vida da Igreja particular a aderir
tal caminhada pastoral?
Os fiéis incluindo os nossos
presbíteros sentem-se amargurados e sofridos, como ovelhas sem pastor, ansiosos
em encontrar no bispo a figura do pastor para nos conduzir no processo de
renovação da Igreja de Brasília.
Desejamos a abertura da Igreja
numa perspectiva ministerial, participativa, dinâmica, samaritana, solidária,
misericordiosa e profética. Sonhamos com o protagonismo dos leigos/as, o
ecumenismo, a opção pelos pobres, a inculturação na liturgia, a visibilidade
das CEBs e sua estruturação. Esperamos a concretização da missionariedade da
Igreja de Brasília. Precisamos dar maior testemunho de pobreza e humildade
junto ao nosso povo, sedentos de Deus e de sua Palavra.
Deus abençoe os nossos bispos e
sejamos solícitos na cooperação pelas mudanças necessárias e urgentes.
Fraternalmente,
Daniel Higino
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