domingo, 31 de julho de 2011

Agenda da semana: de 1 a 7 de agosto

01/08: Início das aulas no Instituto São Boaventura
           Começa o Ramadã
           Sto Afonso Maria de Ligório
02/08: Martírio de Carlos Pérez Alonso, padre, apóstolo dos doentes e dos presos (30 anos)
03/08: Defesa da Tese de Wilian Alves Biserra Santas (im)possíveis: religião e gênero em Michèle Roberts.
04/08: S. João Maria Vianney
           Anita Garibaldi, heroína brasileira lutadora pela liberdade no Brasil, Uruguai e Itália (1849)
           Dom Enrique Angelelli, testemunha da causa dos pobres, assassinado, La Rioja, Argentina (1976)
05/08: Alonso de Ojeda chega a La Guajira, Colômbia (1499)
06/08: Posse do novo Arcebispo de Brasília D. Sérgio da Rocha
           Morre Paulo VI (1978)
07/08: 19º Domingo do Tempo Comum
            Batizado de Mateus, filhos de Maria do Carmo e Jorge, meu novo afilhado.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mensagem de D. Pedro Casáldaliga no final da Romaria dos Mártires

          Possivelmente seja essa, para mim, a última romaria pé no chão. A outra já seria contando estrelas no seio do Pai. De todo modo, seja a última seja a penúltima, eu quero dar uns conselhos. Velho caduco tem direito de dar conselhos… E a memória dos mártires, o sangue dos mártires, mais do que um conselho, é compromisso que conjuntamente assumimos, ou reassumimos. São Paulo, depois de tantos dogmas que anuncia, tantas brigas teológicas, tantas intrigas por cultura, dá um conselho único: ‘o que eu peço de vocês é que não esqueçam dos pobres; o que eu peço de vocês é que não esqueçam a opção pelos pobres, essencial ao Evangelho, à Igreja de Jesus’. A opção pelos pobres.
           E esses pobres se concretizam nos povos indígenas, no povo negro, na mulher marginalizada, nos sem-terra, nos prisioneiros… Nos muitos filhos e filhas de Deus proibidos de viver com dignidade e com liberdade. Eu peço também para vocês que não esqueçam do sangue dos mártires. Tem gente, na própria Igreja, que acha que chega de falar de mártires. O dia que chegar de falar de mártires deveríamos apagar o Novo Testamento, fechar o rosto de Jesus. Assumam a Romaria dos Mártires, multipliquem a Romaria dos Mártires, sempre, recordemos bem, assumindo as causas dos mártires. Pelas causas pelas quais morreram, nós vamos dedicar, vamos doar, e se for preciso morrer, a nossa própria vida também…
          E ainda uma palavra: há muita amargura, há muita decepção, há muito cansaço… Isso é heresia! Isso é pecado! Nós somos o povo da esperança, o povo da Páscoa. O outro mundo possível somos nós! A outra Igreja possível somos nós! Devemos fazer questão de vivermos todos cutucando, agitando, comprometendo. Como se cada um de nós fosse uma célula-mãe espalhando vida, provocando vida.
          A Igreja da libertação está viva ressuscitada porque é a Igreja de Jesus. A teologia da libertação, a espiritualidade da libertação, a liturgia da libertação, a vida eclesial da libertação não é nada de fora, é algo mui de dentro, do próprio mistério pascal, que é o mistério da vida de Jesus, que é o mistério das nossas vidas.
          Para todos vocês, todas vocês, um abraço imenso, de muito carinho, de muita ternura, de um grito de esperança, esse cantar viva a esperança que seja uma razão… Podem nos tirar tudo, menos a via da esperança. Vamos repetir: ‘Podem nos tirar tudo, menos a via da esperança!’ Um grande abraço para vocês, para as suas comunidades, e a caminhada continua!
Amém, Axé, Awere, Saúde, Aleluia!”

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Depoimento de Frei Tito

Amigos e amigas!
No itinerário da memória dos mártires ouçamos Frei Tito nessa entrevista. Lamentável o que se passou em nosso país.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Testemunho do Zé Vicente

ROMARIA DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA: TESTEMUNHAS DO REINO!

Zé Vicente



O sol do dia 16 de julho lançou seus últimos raios sobre a grande fogueira erguida no pátio da matriz da pequena cidade de Ribeirão Cascalheira - MT, entregando para a lua cheia, esplêndida no céu, o brilho a ser derramado sobre a 5ª Romaria dos Mártires da Caminhada Latino Americana, que reuniu cerca de sete a dez mil pessoas, sem contar os que olhavam das calçadas, admirados e atentos e muitos que, mesmo distantes, se uniram em espírito.

Todos vestidos com vestes de festa, vindos dos quatro cantos do Brasil e de vários outros países, estamos postos num grande círculo, movidos pela energia vibrante dos abraços, beijos e sorrisos, trocados na emoção de reencontrarmos velhas amizades e sentirmos o calor de novos aconchegos.

Entre nós e em nós, se manifesta a presença deles e delas, os mártires, testemunhas fiéis do Reino da Vida, cujo sangue foi derramado no colo da mãe terra, por mãos assassinas, quase sempre a mando de quem, na cegueira da ambição desenfreada, pela posse do dinheiro, dos bens de toda a terra e do poder, pagam pistoleiros violentos, para executarem quem atravessa seu caminho, denunciando seus intentos criminosos e anunciando com a verdade da própria vida, a solidariedade irrestrita com os injustiçados e oprimidos.

Nas camisetas e faixas, nos estandartes e cantos, nos corpos de seus parentes que estão conosco e nas palavras testemunhais dos pastores, especialmente do Poeta e Profeta, Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, com seus mais de 80 anos, 40 dos quais vividos nessa região, uma das mais violentas do Brasil. Marcado, há vários anos pelo Parkinson, Pedro, fez ecoar ainda com vigor que a fé lhe confere, sua mensagem de teimosa e resistente esperança pascal.

Ao som dos tambores e mantras de diversas tradições místicas, entra no grande espaço, o cortejo de mulheres, portando vasilhas pintadas com motivos indígenas, levando águas e flores. Circulam e dançam em volta da fogueira. Em seguida chegam crianças, meninos e meninas do povo dali, trazendo belos estandartes, com fotos e nomes dos (as) mártires, para o centro da grande roda. A equipe de coordenação vai orientando. A saudação de acolhida, com um toque orante, veio do atual bispo da Prelazia, Dom Leonardo. Finalmente, entra a Cruz do P.e João, conduzida por jovens mulheres. Do Círio Pascal, sai o fogo, posto na fogueira e nas velas das pequenas lanternas, recebidas por cada pessoa presente. A praça, rapidamente, se transforma numa constelação de luz. Um casal de Araras passa sobre nós, num belo e sereno vôo, costurando uma linha livre e sutil, ligando a lua, a fogueira e o ultimo vestígio do sol, exatamente na direção por onde seguimos em Caminhada, entoando os cânticos conhecidos: “Sou, sou teu, Senhor, sou povo novo, retirante, lutador!”, “Vidas pela vida, vidas pelo Reino”, “Ribeirão Bonito, cruz do P.e João!”...

Foram mais de três quilômetros até o pequeno Santuário dos Mártires, construído na margem esquerda da rodovia de quem sai de Cascalheira, logo após o pequeno rio, chamado Ribeirão Bonito.  No trajeto alguns testemunhos, gritos de denuncia, das vitimas indígenas, jovens, mulheres, trabalhadores (as), cujos direitos sagrados estão sendo desrespeitados pelos atuais senhores do latifúndio, do agro-negócio, da droga, do sistema bancário. Passamos bem ao lado, da capelinha, onde o Padre João Bosco Penido Burnier, Missionário Jesuíta, viveu a sua última agonia, depois de ser alvejado à queima roupa, por um policial, no dia 12 de outubro de 1976. P.e João, acompanhava D. Pedro e foram pedir em favor de duas mulheres que estavam presas e eram torturadas injustamente. Ali, foi celebrada uma emocionante Vigília no dia anterior.

Ao chegarmos ao Santuário, mais alguns testemunhos. Um momento para a leitura Bíblica, a prece do Pai Nosso, a benção e partilha de um tipo de bolinho popular na região. Para encerrar a noitada festiva, nós, artistas presentes animamos o povo, com cantos e poesias. Pelas onze horas da noite, retornamos para as casas e escolas, onde fomos acolhidos, com carinho pelas famílias da cidade.

NA EUCARISTIA, O BRILHO DA GLÓRIA PASCAL!

A manhã do domingo, 17 de julho, estava luminosa pelo sol e a beleza de cores, no espaço, atrás do Santuário dos Mártires, preparado para a Missa de despedida da Romaria, concelebrada pelos bispos D. Leonardo, D. Eugênio, bispo da cidade de Goiás e pelo próprio D. Pedro e mais de 30 padres.

Toda celebração teve como foco principal a vitória pascal de Jesus e de todas as testemunhas da Ressurreição, desde os discípulos de Emaús (Lc 24,13), lembrando a multidão dos que lavaram suas vestes existenciais no sangue do Cordeiro (AP 7,9) e de quem, neste tempo presente, mantém a fidelidade a causa maior da vida!

Após a comunhão, ainda alguns testemunhos e denuncias, pela boca dos representantes indígenas; Cacique Marcos e sua mãe, do povo Xucuru, de Pernambuco, que fez uma bela prece aos Encantados, pela proteção da terra e dos seres vivos. Os Xavante, na sua dura luta pela retomada de sua terra tradicional Marãiwatsédé, no Mato Grosso, de onde foram deportados na década de 1960 e que retornaram em 2004 decididos a não abrir mão da terra sagrada, onde está sua memória e foram plantados os corpos de seus ancestrais.

Antes da benção e envio final, a mensagem emocionada de Pedro, temperada de carinho, profecia e convocação para a fidelidade no testemunho pascal: “multipliquem as romarias dos mártires da caminhada!... Esta, possivelmente será minha ultima Romaria com os pés nesta terra...!”

Com esta imagem inesquecível e ao som do hino: “Ribeirão Bonito, Cruz do Padre João, Alta Cascalheira, gente do sertão, o suor e o sangue, fecundando o chão!”, romeiros e romeiras da Caminhada, nos despedimos, para as longas viagens de volta, com os corações unidos e aquecidos na fogueira da esperança para a missão urgente, assumida, sem reserva, até o fim, por tantas testemunhas do reinado pleno e eterno da Vida para todas as vidas: João, Chicão, Marçal, Zumbi, Conselheiro, Margarida, Zé Claudio, Maria, Dorothy, Nativo...



Fortaleza, 19 de julho de 2011

Em memória da experiência da Revolução Sandinista de Nicarágua, cujos 32 anos se comemora neste dia.

Zé Vicente - poeta-cantor



terça-feira, 19 de julho de 2011

Breves notícias

Dois eventos marcaram a última semana: o 24º Congresso da SOTER e a Romaria dos Mártires da Caminhada.
O Congresso com o tema "Religião e educação para a Cidadania" aprofundou a temática com a presença de vários teólogos e cientistas da religião. A partir de conferências, mesas redondas e grupos temáticos mergulhamos em águas profundas de tal reflexão. Na programação fomos honrados com as conferências de Leonardo Boff e João Batista Libânio ao recordar os 40 anos de lançamento da obra TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO de Gustavo Gutierrez. Marcado por emoção, os teólogos mostraram a atualidade do tema e os avanços desse olhar teológico para a vida e a luta dos empobrecidos. No momento de confraternização, regado por caldos, vinho e cerveja tivemos a presença de Rubinho do Vale para animar esse encontro de irmãos. Também apresentei uma comunicação no GT Teologia da Libertação ao tratar dos fundamentos das redes de comunidades a partir dos documentos intereclesiais das CEBs.
A Romaria dos Mártires da Caminhada ocorreu nesse final de semana. Com milhares de pessoas percorremos o tradicional percurso até o santuário dos mártires. Nas diversas celebrações as testemunhas do Reino, nossos mártires, nos colocaram numa perspectiva de reanimarmos nossa esperança e continuar nossa luta na opção pelos pobres e no compromisso libertador do Ressuscitado, nosso mártir Jesus. Encontramos o filho de Nativo e sua esposa; as irmãs de Galdino, muito emocionadas ao ver a foto de nosso mártir indígena; a presença de Marcos Xucuru, filho do Chicão; Xavier que conviveu os últimos dias com Frei Tito e tantos outras e outros lutadores que fazem memória de seus parentes e companheiros de luta nessa caminhada pascal.
Acompanhem os próximos dias o nosso Blog, estarei selecionando fotos, vídeos e outras novidades relacionadas a questão dos mártires e o Congresso da Sóter.
Abraços e beijos,
Do Romeiro da Caminhada Daniel Higino

domingo, 10 de julho de 2011

Programação do 24º Congresso da SOTER

11 de julho

15h - Reunião da Diretoria (Sala 202)
CREDENCIAMENTO na sala da Secretaria do evento – (Sala em frente ao auditório). O acesso ao auditório do evento só será permitido com o uso de credencial.

16h - Reunião com os Conselheiros Regionais (Sala 202)

19h15 - Auditório 3: A CANÇÃO DAS ILUMINURAS - Conjunto de Música Medieval - Concerto: As Cantigas de Santa Maria

19h30 - Abertura oficial do 24º Congresso com a presença de Dom Walmor Oliveira de
Azevedo, Grão-Chanceler da PUC-Minas e Dom Joaquim Mol, Magnífico Reitor da PUC Minas.

20h - Auditório 3: Conferência de Abertura: Religião e Educação para a Cidadania: Profa. Dra. Maria Pilar de Aquino (University of San Diego, Department of Theology – USA)

21h30 - Hall: Coquetel

12 de julho

7h30 - CAFÉ para os hóspedes da Casa de Retiro São José

8h30 - Auditório 3: Abertura da Sessão – Homenagem a José Comblin e Bernardino Leers (In Memoriam)

8h45 - Auditório 3: A variação internacional nas relações entre a teologia e as ciências da religião – Prof. Dr. Steven Joseph Engler (Mount Royal University, Calgary, Alberta,
Canadá)

10h15 - INTERVALO para café

10h30 - Mesas redondas simultâneas:
Mesa 1: Auditório 3: Teologia, Estado e Sociedade - Lourenço Stelio Rega (Faculdade Teológica Batista de São Paulo, SP); Selenir Correa Gonçalves Krombauer (Escola Superior de Teologia – EST, São Leopoldo, RS)
Mesa 2: Auditório 2 (Prédio 4): Religião e Gênero: Maria Pilar de Aquino ((University of San Diego, Department of Theology – USA) e Sandra Duarte de Souza (Universidade Metodista de São Paulo – UMESP)

12h - INTERVALO para Almoço

13h30 às 16h30 - GTs/COMUNICAÇÕES (Veja cronograma na Programação dos GTs)

16h30 - INTERVALO para lanche

17 às 18h - Reuniões das Regionais
Regional Norte: Sala 202
Regional Nordeste: Sala 203
Regional Centro-Oeste: Sala 204
Regional São Paulo: Sala 205
Regional Sudeste: Sala 206
Regional Sul: Sala 207

18h INTERVALO para Jantar

19h15 às 20h - Auditório 3: Final do 3º concurso de Teses Soter-Paulinas – Premiação e Lançamentos: livro vencedor de
2010 e outros livros

20 às 21h30 - Auditório 3: Sessão Comemorativa dos 40 anos da Teologia da Libertação: 40 anos de Teologia da Libertação: fazendo memória e olhando para o futuro - Prof. Dr. Leonardo Boff

13 de julho

7h30 - CAFÉ para os hóspedes da Casa de Retiro São José

8h30 - Auditório 3: Abertura da Sessão – Momento de Espiritualidade

8h45 - Auditório 3: Educação para a cidadania: desafio para a religião: Prof. Dr. Luis Barco (Universidade de São Paulo – USP)

10h15 - INTERVALO para café

10h30 - Mesas redondas simultâneas
Mesa 1: Auditório 3: Transmissão das Tradições Religiosas numa sociedade plural: Irene Dias de Oliveira (Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, GO); Ronaldo Cavalcante (Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP); Carmem Lúcia Teixeira (Casa da Juventude – ACAJU, Goiânia, GO)
Mesa 2: Auditório 2 (Prédio 4): Ciências da Religião e Ensino Religioso: Sérgio Junqueira (Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, PR) e Lourdes Caron (CNBB)

12h - INTERVALO para almoço

13h30 às 14h45 - GTs/COMUNICAÇÕES (Veja cronograma na Programação dos GTs)

18h - Assembleia da SOTER: Auditório 3

20h - Confraternização: Casa de Retiros São José

14 de julho

7h30 - CAFÉ para os hóspedes da Casa de Retiro São José

8h30 - Auditório 3: Momento de Espiritualidade

8h45 - Auditório 3: Formar para a cidadania: o papel da religião e da educação: Regina Novaes (Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora do CNPq)

10h30 - Auditório 3: Releituras do congresso: Pedro Ribeiro de Oliveira (PUC Minas, Belo Horizonte, MG) e Cleusa Andreatta (Universidade do Vale do Rio dos Sinos)

13h - Encerramento

sábado, 9 de julho de 2011

24º Congresso da SOTER

O CONGRESSO
 
O 24º Congresso Anual da SOTER terá como tema Religião e Educação para a Cidadania, e ocorrerá entre os dias 11 e 14 de julho de 2011, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), em Belo Horizonte - MG. Evento tradicional da área, com reconhecimento nacional e internacional, recebeu da Capes, em 2008, a avaliação Qualis “A”. Prova dessa repercussão são a tradução para o espanhol de alguns Anais de nossos Congressos e a constante presença de um membro da Diretoria nacional da SOTER na vice-presidência da INSeCT (“Rede Internacional de Sociedades Católicas de Teologia”, com sede jurídica na Alemanha). Visto que todo ano há um aumento de participantes, a expectativa de presença para 2011 é de 250 sócios, além de cerca de 250 pesquisadores da área, num total de 500 participantes. Dando prosseguimento às discussões dos congressos anteriores, cuja preocupação tem sido o papel das religiões nos distintos aspectos de nossa sociedade, o congresso deste ano pretende mostrar a relação entre Religião, Educação e Cidadania, numa abordagem multidisciplinar, tão necessária hoje para a teologia e as ciências da religião.

A Diretoria e a Comissão Organizadora prepararam para 2011 uma série de Conferências, de Mesas Redondas e de Grupos Temáticos que propiciarão a partilha e a discussão do tema central do congresso, bem como das pesquisas que a teologia e as ciências da religião têm feito atualmente em nosso país.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Momento de Humor

quarta-feira, 6 de julho de 2011

CARTA ABERTA de DOM TOMÁS BALDUÍNO AOS BISPOS SOBRE CONSTRUÇÃO DE CATEDRAIS

Goiânia, GO, 18 de julho de 2008.
           
Queridos Irmãos no episcopado, do Regional Centro-Oeste,
                        A paz do Senhor esteja com vocês!

                        Peço-lhes licença para colocar aqui umas reflexões que venho tendo com outros colegas, inclusive dando a forma de carta. Trata-se da concepção de igreja e, de modo especial, de igreja catedral. Fui motivado sobretudo pelo fato da catedral de Goiânia ter de se mudar para uma obra que ficará próxima do atual Paço municipal, em terreno doado por Lourival Lousa, dono do Flamboyant, porém do outro lado da rodovia 153, em local de acesso difícil e distante do povão. Será então uma catedral tipo monumento moderno, atualizado, tudo bem planejado, de concepção semelhante à de Brasília, a mesma que vai se reproduzir futuramente também em Palmas. Enquanto isso, por exemplo, as chamadas catedrais da Igreja Universal do Reino de Deus, que não deixam de ser também portentosas construções, ficam bem perto do povo e se enchem de gente. O que pensar, então, a respeito de nossas igrejas? Isso também faz parte da nossa responsabilidade pastoral.

                        1. O sacramento do Templo na Bíblia

                        O Senhor nos deu um ensinamento bem preciso e nos evangelizou sobre o templo. Enquanto as nações vizinhas do Povo de Israel tinham todas seu templo, os profetas do Senhor diziam que Deus não quer templo. Deus quer acampar com seu povo nômade. Construir um templo seria traição desse caminhar de Deus com seu povo. Até mesmo quando o rei Davi quis levantar um templo, o Senhor mandou o profeta Natan lhe dizer: “Desde que Deus tirou o seu povo do Egito, sempre morou em tenda e nunca pediu templo”. (2 Sm 7,7).
                        Segundo Isaías (Is 66,1), Deus é aquele que o universo inteiro não pode conter. Tem o céu por seu trono e a terra como escabelo de seus pés. Como pode morar em uma casa edificada pelo homem? O problema é que, de fato, desde o começo, até hoje, o templo tem servido de legitimação do poder dos reis e dos donos do poder. Não é, pois, de graça que o rei e os poderosos dão todo apoio econômico à sua construção suntuosa e em lugar privilegiado. Por isso, os profetas sempre criticaram o templo e pediram que a fé se libertasse e fosse para além do templo.
                        Alguns profetas, como Isaias e Jeremias, tiveram que assumir o templo como um fato consumado, mas tiraram partido dele como lugar do ensino da Palavra, não como lugar de sacrifício. E Jesus retomou esta tradição profética. Na hora da sua prisão declarou aos seus algozes: “Todos os dias eu ensinava no templo e não me prendestes”. (Mc 14,49). O templo, com efeito, não era tradicionalmente lugar de ensino, mas sim de sacrifício. Fazer daquele lugar um lugar de profecia foi um ato crítico e subversivo.
                        Depois do exílio da Babilônia, os judeus fiéis se reuniam em sinagogas (casas da comunidade). Começou, então, uma tensão entre o judaísmo da sinagoga (baseado na Palavra) e o judaísmo do templo (baseado nos sacrifícios e no culto). O Cristianismo surgiu no meio do judaísmo das sinagogas e não no do templo. As reuniões dos primeiros cristãos, que marcaram a liturgia até hoje, seguiram o esquema da sinagoga, não do templo. Das sinagogas para as casas. E, de casa em casa, o Evangelho foi irradiando.
                        Na cena da limpeza do templo o zelo vigoroso demonstrado por Jesus não foi em defesa daquela obra feita pela mão do homem. “Ele se referia ao templo do seu corpo” (Jo 2,21) e também à morada de Deus, isto é “àquele que o ama e cumpre sua palavra” (Jo 14,23) e sobretudo ao faminto, ao sedento, ao migrante, ao nu, ao doente, ao preso, às vítimas da opressão e da exploração. (Cf. Mt 23). Jesus se proclama maior do que o templo (Mt 12,6). Ele veio construir um templo não feito por mão humana (Mc 14,58). Ao celebrar sua oblação perfeita ao Pai Ele optou por fazê-la fora do templo e fora da cidade. O templo novo é o seu corpo ressuscitado (Jo 2,20). No Apocalipse, quando é anunciada a nova Jerusalém, o autor insiste que ela não tem mais templo porque o próprio Deus é o seu templo (Ap 21,22).

                        2. Templos e catedrais na história da Igreja

                        Há um paradoxo e uma contradição no fato dos judeus, para os quais o templo se tinha tornado o sacramento da presença divina, não terem querido reconstruir o templo depois de sua destruição no ano 70, enquanto os cristãos, que receberam tantas advertências de Jesus, multiplicaram os lugares de culto.
                        À medida que a Igreja se incorporou ao Império e se tornou uma Igreja Cristandade, ocupou os antigos templos pagãos e os transformou em templos da nova religião oficial que era a Igreja cristã. Da Idade Média até os nossos dias, as catedrais, construídas nas praças centrais e ao lado do poder político se tornaram símbolos de uma Igreja que o Concílio Vaticano II procurou superar. Segundo a Lúmen Gentium, “Assim como o Cristo consumou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja é chamada a seguir o mesmo caminho. Cristo foi enviado pelo Pai para ‘evangelizar os pobres, sanar os contritos de coração’ (Lc 4,18), semelhantemente a Igreja cerca de amor todos os afligidos pela fraqueza humana, reconhece mesmo nos pobres e sofredores a imagem do seu Fundador pobre e sofredor” (LG nº 8). Dom Hélder  Câmara, por exemplo, fiel a este novo espírito, foi na direção da periferia. Escolheu “a igreja das fronteiras” e fez das comunidades de periferia o lugar da cátedra do pastor. Dom Paulo Evaristo Arns, em 1973, vendeu o palácio episcopal e com o dinheiro construiu inúmeros centros comunitários na periferia de São Paulo, onde as Comunidades Eclesiais de Base passaram a se reunir para círculos bíblicos, celebrações da Palavra e da vida e lutar pelos direitos humanos. Mesmo em plena Cristandade, pastores como João Crisóstomo, Basílio e, no Ocidente, Ambrósio e Agostinho insistem que o verdadeiro templo de Deus e a glória da Igreja são os pobres. E João Crisóstomo fazia os pobres sentarem em sua cátedra na Igreja de Constantinopla.
                        A celebração dos sacramentos polarizada pelo altar, assim como a devoção e o culto dos santos polarizados pelo santuário, tornaram-se, durante séculos, a marca característica das igrejas católicas, infelizmente esvaziadas da Palavra. Inversamente, as igrejas da Reforma protestante deram um lugar primordial ao púlpito e à Bíblia, lida e assumida, com muito empenho, por todos os membros da comunidade. Foi o Concílio Vaticano II que, através das Constituições Dei Verbum e Sacrosanctum Concilium, restabeleceu o equilíbrio original entre o altar e o púlpito, valorizando a Palavra, que passou a integrar as celebrações dos sacramentos e readquiriu o lugar que ela tinha na vida da primitiva Igreja dos Apóstolos e dos mártires. Na construção das novas igrejas começaram até a aparecer soluções arquitetônicas criativas preocupadas em garantir a boa acústica, que favoreça a audição clara, para todos os participantes, de tudo o que é proclamado na liturgia.
                        As comunidades precisam sim de lugares para se reunirem e terem seu culto. Elas gostam que estes lugares sejam belos, dignos e venerados. Entretanto, é importante esclarecer que o templo é símbolo e sacramento da comunidade viva e deve ser o lugar da comunidade e não o instrumento do poder clerical ou episcopal, construído nos mesmos critérios dos templos que antigamente legitimavam o domínio dos poderosos do mundo.
                        “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mamon)”, disse Jesus. (Mt 6,24). O termo “servir” refere-se ao culto e o nome  “Dinheiro” é sinônimo de “Mamon”, o ídolo.  O povo de Deus, povo sacerdotal, ao mesmo tempo que no templo ou fora do templo, isto é, na vida prática, cultua o Senhor, deve ser uma clara denúncia da monstruosa idolatria que domina no mundo. Em l989, para preparar a conferência do Conselho Mundial de Igrejas sobre “Justiça, Paz e Defesa da Criação”, Ulrich Ducrow escrevia: “Quando vemos os mecanismos de um sistema econômico que, ano após ano, cria milhões de vítimas da fome e milhões de desempregados, quando vemos as florestas morrerem para permitir o lucro das empresas e vemos as superpotências continuarem a louca corrida armamentista, devemos admitir que estamos diante de um monstro demoníaco. De fato, os capítulos 13 a 18 do Apocalipse, com a sua descrição da Fera que sobe do abismo, são ainda a melhor descrição do atual sistema econômico, político e de seus meios de comunicação”. Pois bem, esta terrível idolatria tem seus “Templos”. Os bancos centrais superam em visibilidade arquitetônica qualquer catedral de qualquer parte do mundo. Eles são Templos. Têm seus sacerdotes, seu santo dos santos, seus sacrários de segurança máxima, acessíveis a poucos e onde guardam seu deus. Vamos nos contrapor a isso usando os mesmos critérios de grandiosidade e de poder ou seguiremos os caminhos da pequenez e do não-poder apontados por Jesus como força imbatível na construção do Reino de Deus? 
                  Eram estas reflexões, Irmãos, que queria lhes comunicar, com simplicidade, na certeza de que podem surtir algum efeito prático. Do meu lado fico à disposição de vocês para qualquer reação a isto que não deixa de ser uma fraterna provocação.

                        Saúdo-os com fraterna amizade no Senhor Jesus, nosso Templo vivo.

              Dom Tomás Balduino
       Bispo emérito de Goiás                   dombalduino@cptnacional.org.br

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Didaqué

Olá amigas e amigos,
Nova indicação de leitura. Didaqué surge como a obra mais antiga da literatura cristã após a era pós-apostólica. Provavelmente escrita entre os anos 90 e 100 d.C. Ela aparece como catecismo dos primeiros cristãos. Leitura fácil e muito agradável.
O autor desconhecido além de propor orientações morais tece abrangente reflexão sobre a Eucaristia. Recomendamos a leitura dele para animadores de liturgia, catequistas e estudantes de teologia.
Em um dos momentos ele orienta o caminho da vida e fala sobre o caminho da morte. Veja o que o autor fala em Did 5,2 sobre o caminho da morte:
"perseguidores dos bons, inimigos da verdade, amantes da mentira, ignorantes da recompensa da justiça, não desejosos do bem nem do justo juízo, vigilantes, não pelo bem, mas pelo mal, estranhos à doçura e à paciência, amantes da vaidade, cobiçosos de retribuição, sem compaixão com os pobres, sem cuidado para com os necessitados, ignorantes de seu Criador, assassinos de crianças, destruidores da obra de Deus, desprezadores dos indigentes, opressores dos aflitos, defensores dos ricos, juízes iníquos dos pobres, pecadores sem fé nem lei. - FILHO FICA LONGE DE TUDO ISSO".
Imaginem o que ele fala sobre o caminho da vida.
Consulte, leia e vamos conversar.
Abraços,
Daniel Higino

domingo, 3 de julho de 2011

Agenda da Semana: de 3 a 9 de julho

03 - Solenidade de São Pedro e São Paulo
        Brasil x Venezuela 16hs
04 - Chile x México 21h45
05 - Independência da Venezuela - Festa Nacional
       Memória de Antônio Maria Zacaria - Fundador dos Barnabitas
06 - Argentina x Colômbia  21h45
07 - Início do tríduo dos Mártires em Santa Maria
       Carlos Bonila (1991) - México
08 - 2º Dia do Tríduo dos Mártires em Santa Maria
        Martin Ayala (1991) - El Salvador
        Uruguay x Chile 21h45
09 - Encerramento do Tríduo dos Mártires em Santa Maria
        Independência da Argentina
        Brasil x Paraguai 16hs

sábado, 2 de julho de 2011

Liberar o Celibato

Olá amigas e amigos,
Acabo de ler o livro LIBERAR O CELIBATO do renomado escritor Donald Cozzens. Creio que vale a pena dar uma lida. Ele trata do valor do celibato como carisma e repudia a imposição institucional da Igreja ao relacionar o tema. Afirma com propriedade a distinção feita entre a vocação ao ministério ordenado e o dom do celibato. Há uma recensão feita pelo Pe. João Batista Libanio na revista Perspectiva Teológica. Se alguém tiver condições de ler, basta buscar na referência: 
COZZENS, Donald B. Liberar el celibato. Traducao do original ingles por Jose Manuel Lozano Gotor. Santander: Sal Terrae, 2007. 127 p. Col. servidores y testigos, 110. Recensao de: LIBANIO, Joao Batista. PERSPECTIVA TEOLOGICA, Belo Horizonte, v. 40, n. 112, p. 424-429, set./dez., 2008.
Também ao tomar o livro, você poderá encontrar a sinopse na contracapa tal como segue o texto:
COZZENS, Donald. Liberar o celibato. São Paulo: Loyola, 2008.
“O celibato obrigatório para clérigos católicos de rito latino é uma norma que remonta a novecentos anos. No momento atual, o escândalo dos abusos sexuais dentro do clero e a escassez cada vez mais acentuada de padres têm levado muitos fiéis a questionar esta prática tradicional da Igreja latina.
A discussão sobre sexo, algumas vezes tensa, Donald Cozzens – com quarenta anos de sacerdócio, psicólogo, teólogo, ex-reitor e professor de seminário, escritor católico bem conhecido – presta a contribuição equilibrada, nascida de sua própria experiência de opção pela vida no celibato e de seu exímio talento em destilar a verdade espiritual da condição humana.
Cozzens investiga o celibato clerical como fonte de poder e peso da obrigação, como vocação espiritual e dom do Espírito. Situando o celibato obrigatório na perspectiva histórica e baseando sua argumentação em uma meticulosa análise histórica e na noção teológica da natureza dos carismas na vida da Igreja, examina a experiência antiga e contemporânea do clero casado das Igrejas Orientais e da Igreja de rito latino. E conclui: chegou a hora de liberar o celibato da imposição canônica para vir a ser o que deve ser em sua essência: uma forma de vida animada pela graça divina e destinada a alguns, mas não a todos os ministros eclesiásticos ordenados”.
Boa leitura, apreciem com carinho,
Pe. Daniel Higino