domingo, 27 de janeiro de 2013

Carta enviada para a Ampliada Nacional das CEBs


Prezadas companheiras/os participantes da Ampliada Nacional das CEBs,
Aqui de Brasília acompanhamos com o coração e as nossas orações a preparação desse momento especial e sempre novo da caminhada das nossas comunidades. O Encontro Intereclesial das CEBs soa como o canto dos pássaros no raiar do sol anunciando sempre um novo dia para a Igreja.
O nosso representante da ampliada regional, Antônio Macário, me fez uma consulta e quero respondê-la nessa carta dirigida a todos vocês. Brasília pode receber o 14º Encontro Intereclesial das CEBs? Afirmo com todas as letras, Brasília tem todas as condições e solicita a todos os companheiros/as a eleição de nossa cidade como sede do próximo encontro.
A vinda de D. Sérgio da Rocha e seu bispo auxiliar D. Leonardo trazem a nossa Igreja de Brasília novas perspectivas. O espírito de maior abertura, diálogo, comunhão e valorização dos leigos/as favorecem as condições de acolhida para o encontro. A coordenação de Brasília já conversou com o arcebispo e ele se manifestou favorável, disse que se a coordenação do regional e a coordenação arquidiocesana desejam acolher o Encontro Intereclesial em Brasília ele dará todo o apoio necessário.
Conhecemos os inúmeros desafios para acolher o encontro. A cultura eclesial da Arquidiocese nunca se manifestou favorável a caminhada das CEBs. A nossa Igreja nasceu às sombras dos palácios, atravessou 5 décadas em aliança com os poderes instituídos, negou-se a colegialidade e optou-se pelo modelo monárquico. A experiência determinante valorizou sempre os movimentos eclesiais e não há prática de planejamento pastoral. Contudo, todos sabem, o espírito não se prende as estruturas e conhecemos outros caminhos para vitalizar a caminhada das CEBs.
Em Brasília descobrimos a autonomia construída pelo caminho da Igreja das catacumbas. Com a Pastoral da Juventude, o CEBI, a rede CELEBRA, as diversas congregações religiosas e outras entidades se fortalecem a resistência das CEBs em nossas periferias. Em 2008 trouxemos para o Distrito Federal o II Encontro Macro Regional das CEBs. Estiveram presentes os três regionais, CO, O1 e O2. Naquele tempo não tínhamos apoio dos bispos e realizamos um grande encontro. Quem participa das edições nacionais da Semana Social Brasileira testemunham a nossa capacidade de recepção. Esse ano entre os dias 15 a 17 de novembro receberemos o IX Encontro Nacional de Fé e Política com o tema: cultura do Bem Viver: partilha e poder. Sempre conseguimos organizar nossas caravanas para as Romarias dos Mártires e já amadurecemos a nossa capacidade de organização.
 Se a Ampliada Nacional nos der esse voto de confiança, iremos de porta em porta, em cada paróquia, conversaremos com cada pastoral, faremos um mutirão de visitas e falaremos ao coração do povo a respeito dessa boa notícia. Será para nós um Grande Pentecostes para a Arquidiocese de Brasília. Creio que as nossas Comunidades Eclesiais de Base em todo o país, muitas vezes machucadas por tantas incompreensões, serão revitalizadas ao perceberem que na capital do país tem lugar para a profecia e para as CEBs.
Em nosso Regional criamos a Escola Flor do Cerrado, símbolo da resistência. Nossa vegetação é formada de árvores pequenas e tortas, quase sempre desprezadas, mas de raízes profundas. Daqui de Ceilândia, na periferia de Brasília, escrevo essa carta e ofereço essa flor do cerrado a todas as Romeiras do Reino na esperança de que o perfume desperte em vocês o desejo de conduzir o trem das CEBs para a nossa cidade.
Com amizade, carinho e fé na caminhada.

Pe. Daniel Higino Lopes de Menezes

Ceilândia, 25 de janeiro de 2013
54º ano da convocação do Concílio Vaticano II.