Carta enviada para a Ampliada Nacional das CEBs
Prezadas companheiras/os
participantes da Ampliada Nacional das CEBs,
Aqui de
Brasília acompanhamos com o coração e as nossas orações a preparação desse
momento especial e sempre novo da caminhada das nossas comunidades. O Encontro
Intereclesial das CEBs soa como o canto dos pássaros no raiar do sol anunciando
sempre um novo dia para a Igreja.
O nosso
representante da ampliada regional, Antônio Macário, me fez uma consulta e
quero respondê-la nessa carta dirigida a todos vocês. Brasília pode receber o
14º Encontro Intereclesial das CEBs? Afirmo com todas as letras, Brasília tem
todas as condições e solicita a todos os companheiros/as a eleição de nossa
cidade como sede do próximo encontro.
A vinda de D.
Sérgio da Rocha e seu bispo auxiliar D. Leonardo trazem a nossa Igreja de
Brasília novas perspectivas. O espírito de maior abertura, diálogo, comunhão e
valorização dos leigos/as favorecem as condições de acolhida para o encontro. A
coordenação de Brasília já conversou com o arcebispo e ele se manifestou
favorável, disse que se a coordenação do regional e a coordenação
arquidiocesana desejam acolher o Encontro Intereclesial em Brasília ele dará
todo o apoio necessário.
Conhecemos os
inúmeros desafios para acolher o encontro. A cultura eclesial da Arquidiocese
nunca se manifestou favorável a caminhada das CEBs. A nossa Igreja nasceu às
sombras dos palácios, atravessou 5 décadas em aliança com os poderes
instituídos, negou-se a colegialidade e optou-se pelo modelo monárquico. A
experiência determinante valorizou sempre os movimentos eclesiais e não há
prática de planejamento pastoral. Contudo, todos sabem, o espírito não se
prende as estruturas e conhecemos outros caminhos para vitalizar a caminhada
das CEBs.
Em Brasília
descobrimos a autonomia construída pelo caminho da Igreja das catacumbas. Com a
Pastoral da Juventude, o CEBI, a rede CELEBRA, as diversas congregações
religiosas e outras entidades se fortalecem a resistência das CEBs em nossas
periferias. Em 2008 trouxemos para o Distrito Federal o II Encontro Macro
Regional das CEBs. Estiveram presentes os três regionais, CO, O1 e O2. Naquele
tempo não tínhamos apoio dos bispos e realizamos um grande encontro. Quem participa
das edições nacionais da Semana Social Brasileira testemunham a nossa
capacidade de recepção. Esse ano entre os dias 15 a 17 de novembro receberemos
o IX Encontro Nacional de Fé e Política com o tema: cultura do Bem Viver: partilha e poder. Sempre conseguimos
organizar nossas caravanas para as Romarias dos Mártires e já amadurecemos a
nossa capacidade de organização.
Se a Ampliada Nacional nos der esse voto de
confiança, iremos de porta em porta, em cada paróquia, conversaremos com cada
pastoral, faremos um mutirão de visitas e falaremos ao coração do povo a
respeito dessa boa notícia. Será para nós um Grande Pentecostes para a
Arquidiocese de Brasília. Creio que as nossas Comunidades Eclesiais de Base em
todo o país, muitas vezes machucadas por tantas incompreensões, serão revitalizadas
ao perceberem que na capital do país tem lugar para a profecia e para as CEBs.
Em nosso
Regional criamos a Escola Flor do Cerrado, símbolo da resistência. Nossa
vegetação é formada de árvores pequenas e tortas, quase sempre desprezadas, mas
de raízes profundas. Daqui de Ceilândia, na periferia de Brasília, escrevo essa
carta e ofereço essa flor do cerrado a todas as Romeiras do Reino na esperança
de que o perfume desperte em vocês o desejo de conduzir o trem das CEBs para a
nossa cidade.
Com amizade,
carinho e fé na caminhada.
Pe.
Daniel Higino Lopes de Menezes
Ceilândia,
25 de janeiro de 2013
54º
ano da convocação do Concílio Vaticano II.
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