DIA DO PADRE: OUTRO PRESBITÉRIO POSSÍVEL
DIA DO PADRE
- OUTRO PRESBITÉRIO POSSÍVEL –
Pe. Daniel Higino Lopes de Menezes
Após o primeiro aniversário da conclusão do ano sacerdotal e às vésperas de comemorarmos 50 anos da realização do Concílio Vaticano II, o dia do padre torna-se ocasião propícia para refletirmos sobre o ministério ordenado na Igreja. As mudanças de época com o advento da pós-modernidade e a globalização conduzem a humanidade a outros horizontes. As questões ambientais, as novas tecnologias, a situação de pobreza e a fome no mundo despertam novas preocupações. A emancipação das mulheres na sociedade com a nova compreensão de gênero e o combate a homofobia com a ruptura de antigos paradigmas trazem novas perguntas à Igreja e consequentemente grandes desafios. A configuração do ministério ordenado parece inadequada para responder às exigências atuais. Coragem e ousadia representam a atitude da Igreja para enxergar os sinais dos tempos e com serenidade e amor a tradição buscar respostas para consolidar outro presbitério possível.
A cada dia levantam-se vozes de todos os cantos do mundo. Trata-se de pautar lacunas existentes. Questiona-se o celibato obrigatório, a ordenação de mulheres, o abandono aos padres idosos, a negação em reconhecer o crescimento do número de presbíteros homoafetivos, o método para escolha dos bispos, o baixo número de bispos negros, o não reconhecimento dos padres envolvidos no mundo do trabalho e da política e a omissão em responsabilizar criminalmente a prática da pedofilia na Igreja colocando em suspeita a índole e a moral do conjunto dos demais padres.
A história nos ensinou a inviabilidade de posições rígidas. Os radicalismos possuem vida curta. Aqueles que persistem nesse caminho pensam construírem suas casas em alicerces rochosos, mas veem seus prédios caírem sobre areia (Mt 7,24-27). Estamos num tempo de resiliência, diálogo, pluralismo, valores que despertam serenidade, compreensão e revisão de posturas integristas. O momento exige abertura à discussão para aprofundar as questões em pauta na ordem do dia. Não significa a hora de tomar decisões, mas enfrentar os problemas com transparência e seriedade na reflexão.
Convoquemos os teólogos de todo o mundo. Apareçam os canonistas, venham cientistas de várias áreas do conhecimento, os nossos queridos bispos, diáconos e presbíteros e nos ajudem a pensar. Mulheres e homens, engajados nas pastorais, venham com suas velas, sua reflexão e sua experiência para iluminar essa longa vigília. Espera-se um novo amanhecer na Igreja, sem radicalismos, mas com atitude profética e responsável com as consequências da qualidade da evangelização.
Deveríamos conversar a respeito dessa conjuntura mundial e eclesial em nossas comunidades, nos retiros do clero, nas assembleias diocesanas. A Igreja poderá convocar sínodos e tematizar os Encontros Nacionais de Presbíteros. A Assembleia dos bispos a cada ano poderia dedicar um dia para aprofundar a temática dos ministérios na Igreja. Os seminaristas, diáconos permanentes deveriam nos seus encontros formular propostas e falar abertamente das suas perspectivas. A Conferência dos Religiosos e as diversas congregações masculinas e femininas podem elaborar documentos e textos que nos ajudem a discernir o caminho.
A coragem para aprofundar a realidade do ministério ordenado será, talvez, o melhor presente para a Igreja na celebração do primeiro domingo de agosto. Tenhamos essa data como ponto de partida para a construção de outro presbitério possível.
Sobradinho, 30 de julho de 2011.
Publicado no Blog da ANPB
http://anpbbrasil.blogspot.com/2011/08/dia-do-padre.html
2 Comentários:
Este comentário foi removido pelo autor.
oi meu nome é Roberta te conheci a algum tempo quando você era diácono na paróquia nossa senhora das graças em samambaia,já te manei email, mas não tive resposta.Sabe quem sou eu?
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